29 dezembro 2009

A grande aventura do Dakar

Quem não tem cão, caça com gato. Foi com este pensamento que Dominique Serieys regressou ao Dakar para dar na cabeça das rivais VW e BMW. E cuidado com ele... ou melhor, com eles!

Participar numa prova como o Dakar não é para todos, já se sabe. Então se os primeiros lugares estão em causa, será apenas para um grupo muito restrito que consiga aliar experiência, meios humanos e técnicos e, claro, um orçamento a rondar o défice da dívida pública nacional!

Mas como a história do Dakar já o comprovou várias vezes, nem sempre esse "cocktail" é infalível e equipas com menos meios conseguem fazer jogo igual com os tubarões. Uma espécie de "espírito da Taça de Portugal", quando os clubes regionais batem o pé aos grandes...

E será um pouco isso a que iremos assistir nesta edição 2010, já que Volkswagen e BMW, claras favoritas, vão ter pela frente uma nova equipa, a JMB Stradale Off Road Team. O nome pode não dizer nada ao leitor, mas aqui ficam umas pistas: trata-se da antiga estrutura da Mitsubishi, adquirida por Nicolas Misslin que, no seu sapatinho de Natal, colocou 5 Racing Lancer - com Sousa e Barbosa -, uma equipa de 50 pessoas e apoio logístico de respeito. E, cereja no topo do bolo, Dominique Serieys como director de equipa. Kriss Nissen (VW) e (Sven Quandt) não devem ter achado piada...

Começando pelos pilotos, a VW inscreve 5, a saber: Giniel de Villiers, Carlos Sainz, Mark Miller, Nasser Al-Attiyah e Maurício Neves, enquanto a JMB Stradale Off Road Team faz o mesmo: Carlos Sousa, Miguel Barbosa, Orlando Terranova, Guilherme Spinelli e o dono da equipa, Nicolas Misslin. Quanto a carros, a VW aposta no Racing Touareg, um cinco cilindros TDI com mais de 300 cavalos de potência, que irá defrontar os Mitsubishi Racing Lancer num aguardado confronto diesel vs. gasolina.

"O nível de desenvolvimento do Lancer está uns furos acima em relação ao 2009. Não existem diferenças entre os carros inscritos e apostamos no motor a gasolina devido aos custos de desenvolvimento associados ao motor diesel, valores demasiado elevados e tecnicamente complicado para uma estrutura privada", confessa Serieys. Já Nissen prefere referir a experiência adquirida nos últimos cinco anos. "O Race Touareg foi especialmente revisto para este Dakar, depois dos ensinamentos da edição de 2009. Aliás, penso que o nosso ponto forte será mesmo a experiência que adquirimos com a nossa presença no Todo-o-Terreno, que nos dá outra tranquilidade", recorda o técnica dinamarquês.

Com uma equipa de 80 pessoas e 23 carros de apoio (jipes e camiões), a VW tem a lição bem estudada. A estrutura comporta carros de competição, camiões (T5 de corrida, para a Televisão e para assistência) e Touareg versão "Dakar" - depósito de combustível suplementar, placas para areia, rollbar, bacquets, sistema GPS, telefone satélite e ainda um sistema de localização. E, claro, o avião em que se desloca em cada etapa Kris Nissen e o seu staff.

Quanto à equipa de Sousa e Barbosa, os meios são mais modestos mas, ainda assim, longe de deficientes: 1 camião T4, 4 carros de apoio, 5 camiões T5, 1 camião de combustível, 1 carro Press e um avião para Dominique Serieys. A grande diferença está no número de pessoas (49) e a equipa "emagreceu" bastante em relação à Mitsubishi de 2009: menos 30 pessoas, menos carros de apoio, menos camiões... menos dinheiro! "As diferenças para 2009 são grandes, no nosso caso. Perdemos 25% da estrutura e o desenvolvimento técnico é limitado. Nada comparável às equipas oficiais", reconhece o técnico francês.

Na Volkswagen, não há dúvidas. "Queremos vencer. No ano passado fizemos história ao ganhar o Dakar com um motor diesel e com grande domínio ao longo da prova. Em 2010 continuamos ambiciosos, certos da pressão adicional, mas ainda assim com muita confiança para nova vitória", explicou Nissen. Por seu lado, Dominique Serieys é, claramente, mais comedido nos seus objectivos. "Penso que será possível termos um dos nossos carros entre os cinco primeiros e, talvez, outros no top 10. Temos um line-up "metade/metade", ou seja, pilotos rápidos e outros menos rápidos. Embora não exista estatutos dentro da equipa, Carlos Sousa, pela sua experiência, pode ser o piloto em destaque no final. Mas deixe-nos chegar a Buenos Aires para falarmos...".


Fonte: autosport

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