Nos últimos dois anos também eu tenho feito o Lisboa Dakar. Não nas pistas marroquinas ou entre as Dunas mauritanas mas sim daqui deste teclado em que vos escrevo ou noutro qualquer que esteja mais à mão. Não sendo tão árduo como o verdadeiro rali, o meu Dakar exige leitura (muita), reflexão, analise, escrita, rigor e novidade. Tudo com velocidade e perícia. Embora poucos o compreendam, parecendo difícil, o meu Lisboa Dakar não é nada fácil.
Este meu Dakar é uma paixão. E como todas as paixões rouba tempo às razões da vida. Mas este meu Dakar, em bom rigor, só existe por um motivo. Porque neste momento alguém está a ler estas linhas. Os leitores são a razão de ser desta minha prova e a todos os que por aqui têm passado quero agradecer convictamente. Tal como a comunicação exige sempre um receptor, um blogue, para o ser, exige leitores. E no Lisboa Dakar Blogue têm sido centenas (milhares nalguns dos últimos dias). Muito obrigado a todos.
Hoje (domingo), quando pedalava na fria e húmida beira Tejo matinal, dois Bowler e um camião que já deviam estar rumo ao Sul passeavam-se ao sabor da breve brisa pelas tágides soprada. Ao chegar perto do Padrão dos Descobrimentos detive-me um pouco e mirei os despojos daquela que não chegou a ser a trigésima edição do mítico Dakar. Os dois cenários combinados fizeram-me enfim acreditar que este ano não há Dakar. Acho que posso compreender um pouco o que sentem neste momento quase três mil pessoas seus familiares e amigos. O cancelamento da prova é uma desilusão incrível e inolvidável. Todos aqueles que se envolvem emocionalmente com o Dakar vão passar dias, semanas, talvez meses, até compreenderem o porquê exacto deste fim abrupto. E as lagrimas não são apenas pela prova deste ano. Como vai a organização lidar com o desastre financeiro? Como vão lutar as centenas de amadores e privados com os incalculáveis prejuízos? Qual a fabrica que irá investir milhares no desenvolvimento de novos projectos? Qual a empresa que irá enterrar mais um cêntimo numa prova de desporto motorizado organizada pela ASO?
O Dakar, tal como nasceu, cresceu e chegou até nós, acabou na passada sexta feira. Pode surgir outra coisa qualquer, até coisa melhor, quiçá, mas aquela maldita conferência de imprensa foi o requiem que nunca pedimos para ouvir.
Hoje passei parte da tarde a reler o que escrevi aqui na edição passada da prova. E a nostalgia ainda se tornou mais profunda. Há que libertar as amarras pois a vida continua (também na blogosfera). Este blogue também não partiu para Dakar e provavelmente nunca mais partirá para lado algum. Assim, faz-se uma pausa. Na esperança de que melhores noticias cheguem depressa. Até sempre.
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07 janeiro 2008
Este blogue também não partiu para Dakar
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