07 janeiro 2010

Carlos Sousa: "A táctica agora é dar o tudo por tudo quando os outros se retraem ou começam a quebrar fisicamente"

Da frustração da véspera à determinação e garra na etapa de hoje... Longe de se resignar às limitações óbvias do seu Mitsubishi Racing Lancer, Carlos Sousa enfrentou hoje com notável sentido táctico a segunda maior especial do figurino desta 32ª edição. Naquela que era considerada a primeira "verdadeira" prova de resistência deste Dakar, o piloto português limitou os prejuízos na rápida fase inicial do percurso, para atacar forte na parte mais técnica e demolidora. Quando muitos já se rendiam ao cansaço, Carlos Sousa encontrou força para ultrapassar dois dos seus adversários directos e subir, pela primeira vez, ao top-5 da geral absoluta...

Seis etapas disputadas, seis vencedores diferentes e uma dupla que mesmo limitada nos seus meios, nas suas aspirações e até mesmo na potência e velocidade do seu carro, vai teimando em não passar despercebida, parecendo mesmo ganhar força e determinação a cada adversidade. E ontem foram muitas...

Ultrapassado que está já o primeiro terço de corrida, Carlos Sousa não só cumpre o objectivo estipulado à partida, como já o supera largamente, entrando pela primeira vez no chamado grupo dos "cinco magníficos". Um feito tanto mais de assinalar, se recordarmos que à sua frente apenas estão classificados três Volkswagen oficiais e o Hummer do norte-americano Robby Gordon, "apenas" terceiro classificado na última edição.

Único dos pilotos estreantes no actual figurino sul-americano do rali a ousar subir ao top-5 da geral absoluta, Carlos Sousa cumpriu hoje, de forma notável, aquela que a Organização considerou a primeira "verdadeira" prova de resistência deste Dakar, num total de quase 500 quilómetros cronometrados e quase 5 horas e meia de condução. Fazendo uma vez mais uso da sua enorme regularidade e experiência, e pese embora ter sido apenas o 16º carro a sair para a estrada, o português voltou a protagonizar um "início de etapa verdadeiramente inglório, sendo outra vez superado por todos em velocidade pura, nomeadamente por alguns dos meus colegas de equipa. Porém, logo que o percurso se tornou mais técnico e o piso mais duro, tudo se inverteu e comecei a recuperar posições e a ultrapassar vários carros em pista. Não há outra
alternativa e precisei novamente de arriscar muito para compensar o prejuízo acumulado nos primeiros quilómetros", resumiu o piloto à chegada a Antofagasta.

"A táctica agora só pode ser esta: dar o tudo por tudo quando os outros se retraem ou começam a quebrar fisicamente. Felizmente, sinto-me optimamente sob o ponto de vista físico e o carro está a revelar-se bastante fiável. Só que para as coisas correrem bem também é preciso que nada falhe. Ao contrário de outras etapas, hoje tudo correu bem e pudemos subir duas posições, chegando ao top-5. É certo que falta ainda muito rali pela frente, mas é claro que tudo farei para conseguir manter-me neste grupo da frente. Não podemos, repito, é falhar nada. Não há mesmo outra alternativa", reforça
Carlos Sousa, consciente que "quanto mais duro for o rali, maiores serão as minhas hipóteses de sucesso".


Fonte: autosport

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