04 janeiro 2008

Hélder eternamente grato a Viladoms

Pilotos que tiram os olhos da linha de chegada e esquecem as ambições pessoais para ajudar um concorrente em maus lençóis; equipas que perdem um jogo e aplaudem os vencedores e atletas que deixam o adversário marcar um golo. Estes são apenas alguns exemplos dos grandes momentos de fair-play durante 2007.

O amigo inesquecível de Hélder Rodrigues
No passado mês de Setembro, o motard português Hélder Rodrigues sofreu um grave acidente durante o Rali Patagonia-Atacama, na Argentina. Ao passar pelo leito seco de um rio quando rolava a cerca de 160 quilómetros por hora, o piloto luso perdeu o controlo da mota e caiu, fracturando diversas costelas, o baço, além de sofrer outras lesões internas . Pouco depois, o piloto espanhol Jordi Viladoms chegou ao local e ao perceber a gravidade do acidente parou para prestar assistência ao companheiro português. "Estava muito pálido e tonto. Assustei-me. Estava a segurá-lo pelos ombros quando chegou o helicóptero para o evacuar, 40 minutos depois", contou, na altura, Viladoms, que esteve cerca de uma hora ao lado de Hélder Rodrigues, perdendo, naturalmente, muito tempo na classificação geral. No entanto, o fairplay do espanhol foi reconhecido pela organização do Rali, que o compensou com uma hora de bonificação.

"O Jordi salvou-me a vida. Esteve ao meu lado quando mais precisei, deu-me água e manteve-me consciente até chegar o helicóptero. Demorei quatro horas a chegar a um hospital e dissera-me que não morri por cinco minutos", recordou Hélder Rodrigues ao JN, que já tem uma longa história de amizade com Jordi Viladoms. "Estreamo-nos no Dakar no mesmo ano e, durante uma etapa em Marrocos, andamos perdidos durante mais de duas horas. Somos amigos, falamos frequentemente e, este ano, vamos estar novamente juntos no Dakar. Ele está lesionado, mas também vai participar na prova e teremos muito tempo para conversar", acrescentou o piloto português. Após o acidente de Setembro, Hélder Rodrigues esteve em coma induzido, foi-lhe retirado o baço, mas recuperou de forma espectacular, a tempo de alinhar no Lisboa-Dakar deste ano, que arranca sábado, ao lado do amigo Jordi. O Calcio também tem bons exemplos.

O futebol italiano foi notícia pelos piores motivos no ano que hoje acaba. Confrontos entre adeptos e a morte de um polícia e de um simpatizante da Lazio fizeram soar o alarme,mas o desporto-rei transalpino também deu bons exemplos. Um dia após a morte da mulher, o treinador da Fiorentina, César Prandelli, esteve no banco a orientar a equipa frente ao Inter de Milão. Público e jogadores prestaram-lhe uma sentida homenagem, que Prandelli retribuiu no final do encontro, que terminou com a derrota da Fiorentina (2-0). O treinador da equipa viola disse aos seus jogadores para se colocarem em fila indiana e cumprimentarem os vencedores que se dirigiam aos balneários, ao bom estilo do râguebi. A atitude de Prandelli não passou despercebida e este gesto, conhecido no râguebi como o "terceiro tempo" vai passar a ser obrigatório em todos os jogos da 1.ª e 2.ª divisões.

Atitude de cavalheiro
O campeonato inglês é um dos principais exemplos de fairplay. No dia em que morreu o jogador do Sevilha, Antonio Puerta, disputava-se um duelo da Taça da Liga entre Nottingham Forest e Leicester, que a equipa da casa vencia por 1-0 ao intervalo. Durante o descanso, Clive Clark, jogador do Leicester, sentiu-se mal e o jogo foi suspenso, sendo repetido alguns dias começando a zero. E os jogadores do Leicester fizeram questão de repor a verdade desportiva, deixando o adversário marcar um golo. Mesmo assim, acabariam por vencer 3-2.


Fonte: JN

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