04 janeiro 2008

Reacções (IV) - Governo português lamenta anulação, mas elogia organização portuguesa

A comunicação social generalista (mesmo a dita de referência) só reage quando há medo, terror ou sangue. Ou tudo junto a perfazer um bonito cocktail. Hoje o nosso Público de todos os dias está carregadinho de noticias sobre o Dakar que não chegou a sê-lo.

O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, lamentou hoje a anulação do Lisboa-Dakar 2008, por motivos de segurança, que diz respeitar, tendo ainda elogiado a organização portuguesa da prova de todo-o-terreno.

A Amaury Sports Organisation (ASO), promotor da prova, anunciou hoje a anulação do Lisboa-Dakar, depois de o Governo francês ter avisado a organização que existiam ameaças directas à realização da prova.

"O Governo português lamenta profundamente, mas respeita decisão de anular o Lisboa-Dakar. A segurança está em primeiro lugar. Depois do anúncio do governo francês, pesava uma grande responsabilidade sobre a organização, que revelou que é muito escrupulosa com as questões de segurança" referiu Pedro Silva Pereira.

O ministro da Presidência revelou ainda que o governo português "fez diligências" junto do Executivo francês, que defendeu razões de Estado para este alerta.

"A verdade é que o Dakar é uma aventura e não é uma prova isenta de riscos. O governo francês fez uma coisa que não fez em anos anteriores, com base em informações que dispunha", referiu.

De acordo com Pedro Silva Pereira, "estes dias deram para perceber que tudo estava a decorrer de forma perfeita", elogiando a Lagos Sport, organizadora portuguesa.

João Lagos diz que ameaças visam rali "no seu conjunto"

Por seu turno, João Lagos referiu que está "solidário com as razões do Governo francês", mas que "não é por esta circunstância" que vai esmorecer.

Segundo o responsável, a Lagos Sport disponibilizou-se para organizar uma prova mais pequena em Portugal e Marrocos, mas o conhecimento de que "as ameaças não se limitavam à Mauritânia, mas diziam respeito ao rali no seu conjunto" tornaram "impossível qualquer alternativa".

A edição de 2009 do rali iria igualmente sair de Lisboa, um tema que João Lagos vai discutir à tarde com o responsável máximo da ASO, que viaja hoje para Portugal. "Esta é que iria ser a maior partida de sempre do Dakar. Tenho recebido muitas mensagens de solidariedade e de ânimo. Temos o sentimento de dever cumprido", afirmou João Lagos.

Já o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, admitiu "frustração pela anulação" da prova, mas sublinhou que, "apesar da triste notícia, a organização portuguesa e a cidade de Lisboa demonstraram capacidade de organização". "Certamente no futuro vai haver outra prova e a partida será, certamente, de Lisboa", avançou António Costa.

A 30ª edição do Lisboa-Dakar tinha partida marcada para sábado, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e chegada para 20 de Janeiro, na capital do Senegal.

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