Vida dura para os portugueses
A entrada em África trouxe aos portugueses outra realidade bem diferente da que viveram em pistas portuguesas. Mesmo assim são de destacar alguns bons resultados como o 7º de Rodrigo Amaral e o 22º de Elisabete Jacinto.
Nas motos foi com naturalidade que veio ao de cima a experiência de Rodrigo Amaral enquanto que nos carros se destacaram Pedro Gameiro como segundo melhor português e Pedro Grancha que recuperou 60 posições.
Em maré de azar continua Helder Oliveira que mais uma vez viu um problema mecânico atrasar a sua corrida.
O que eles disseram:
7º - Rodrigo Amaral (Sical Adventure Team)
“Foi uma etapa muito difícil, mas muito interessante no que toca a condução. A parte inicial era algo traiçoeira no que diz respeito à navegação, mas felizmente acertei com o caminho e fui o primeiro a passar no primeiro controle. A partir daí, o piso era muito duro, com muita pedra, buracos e saltos e optei por uma toada mais tranquila de forma a poupar a moto. Fiquei muito satisfeito com o resultado de hoje principalmente porque a moto parece estar muito competitiva. Espero que tudo continue a correr da melhor forma. Cheguei ao final da especial com a moto a precisar de uma boa revisão. Tive inclusive que retirar o guarda-lamas pois, com este piso francamente demolidor, estava sempre a bater na roda”.
33º - Paulo Gonçalves(Team Repsol/Honda)
“Estou muito contente por ter terminado a primeira etapa africana dentro dos 50 primeiros, principalmente porque não se tratou de um dia fácil. A tirada de hoje tinha um piso muito duro, pedregoso e rápido. Além disso, já exigiu navegação a sério, o que representou alguma dificuldade pois o meu TripMaster não estava a funcionar e acabei por não saber com exactidão onde estava em relação ao Roadbook porque não tinha contagem de quilómetros. Optei então por seguir outros pilotos que estavam à minha frente, mas sempre com alguma distância para evitar entrar no pó deles”.
14º - Carlos Sousa (Team Galp Energia)
“A configuração do percurso e a poeirada não contribuíram positivamente. Tive de sacrificar a etapa de hoje na procura de uma afinação da suspensão que não estava ao meu jeito. Mas o rally ainda agora vai nos primeiros quilómetros, e está tudo a andar num ritmo fortíssimo e a arriscar muito. Vamos fazer uma prova mais táctica e esperar para ver”.
38º - Pedro Gameiro (Promotech)
“Não foi um sector selectivo fácil, mas decorreu de forma calma para nós. Apesar de termos rodado num ritmo forte, tivemos sempre em especial atenção a mecânica do carro que procurámos preservar. Perdi duas posições, uma vez que preferimos poupar o carro em vez de arriscar demasiado num piso bastante irregular. Mas estou muito próximo em termos de cronómetro dos pilotos à minha frente, por isso não estou preocupado, pois em especiais que me pareçam adequadas vou passar ao ataque”.
46º - Bernardo Villar (Team Brisa/ Cetelem)
“A especial era verdadeiramente africana o que de certa forma, transmite as dificuldades vividas, mas felizmente chegámos ao final sem furos e atacámos quando o deveríamos fazer, optando por andamento mais cauteloso quando o piso assim o exigia. Fomos extremamente conscientes na primeira abordagem ao território africano, pelo que estamos satisfeitos pelo trabalho desenvolvido. A etapa de hoje ficou marcada por alguns contratempos uma vez que os instrumentos de navegação deixaram de funcionar. Ora funcionava um ora o outro, situação que viria a dificultar o nosso desempenho. Contudo, com o GPS e o “terra trip”, conseguimos ultrapassar as dificuldades encontradas”.
56º Pedro Grancha (VR2 Motorsport)
“Passei toda a etapa a fazer ultrapassagens ou no pior cenário atrás de concorrentes que não nos deixavam progredir. Não era possível arriscar muito já que neste tipo de pista o mais certo é furar ou partir qualquer coisa. Por isso todas as ultrapassagens foram bem medidas depois de termos sinalizado os nossos adversários através do “sentinel”. O pior é que às vezes formavam-se comboios de carros e tudo se tornava mais complicado. Estou bastante satisfeito com o nosso resultado especialmente porque nos permite amanhã sair numa posição onde os concorrentes estarão mais próximo do nosso andamento”
60º - Paulo Marques (Team Repsol/Tsunami)
“Era uma Especial muito rápida e dura em termos de piso, como aliás é característico de Marrocos, e pena foi o falta de potência que sentimos no motor, porque estou convencido que poderíamos ter já hoje feito um melhor resultado”.
90º - Miguel Barbosa (Nissan Dessoude)
“As dificuldades começaram a marcar presença não tanto no que se refere à adaptação ao piso, mas sim, devido a um problema de fuga de óleo do motor. Tivemos que parar uma primeira vez para encher o motor novamente com óleo, solução que foi apenas temporária. Pois, quilómetros mais à frente, o motor estava novamente seco e já não tínhamos em nosso poder mais óleo. Tivemos que recorrer aos nossos adversários, que nos emprestaram o seu e assim conseguimos em andamento muito moderado chegar ao final. Estou um pouco triste logicamente, mas de forma alguma, desanimado. Sabíamos que a entrada em África iria ditar mais dificuldades e estávamos preparados para elas. Fizemos o melhor que sabíamos mas naquelas condições, a nossa principal preocupação era conseguir trazer o carro até ao final de forma a que, na assistência, o problema fosse solucionado”.
111º - Ricardo Leal dos Santos (Pioneer Berner Desert Team)
“O importante agora é não arriscar – não me atrasar muito também – mas não me preocupar com os Kamikazes que passado um bocado já estão parados com qualquer coisa partida. Tenho a perfeita noção que estas etapas vão ser duras, para que a selecção seja feita ainda antes de se chegar à Mauritana. Tive muito cuidado para não furar, já que o percurso era muito pedregoso”.
133ª - Madalena Antas (Promotech)
“Foi um dia infernal, principalmente por causa do pó. O descanso foi muito reduzido, já que é quase impossível dormir nas cabines do barco, mas a vontade de rodar em África faz-nos superar todas as dificuldades. O trabalho do Jean Michel foi muito bom, tanto em termos de navegação como no que diz respeito á eficácia de transmissão de todas as armadilhas e por isso mesmo – e porque o carro não deu problemas – conseguimos divertir-nos pela primeira vez neste Dakar, isto apesar de termos que rolar bastante devagar por causa do imenso pó que nos acompanhou durante toda a etapa. Agora só penso em dormir muito bem e descansar muito, para conseguir enfrentar o próximo desafio, que nos parece igual ou pior que este...”
22ª Elisabete Jacinto (Renault Trucks Trifene 200)
“A entrada em África trouxe-nos pistas mais à medida do nosso Renault Kerax. Tive de fazer muitas ultrapassagens e perdemos bastante tempo com isso porque nem sempre nos facilitaram a tarefa e nem em todo o lado se podia ultrapassar. Mas já conseguimos andar bastante mais ao nosso nível e apenas no final apanhámos uma parte mais complicada com muito pó. Felizmente que só começou a escurecer a cinco quilómetros do final porque caso contrário teria sido ainda mais difícil”.
António Ventura
“A etapa era bastante dura devido ao piso cheio de pedras, o que é muito complicado para uma Quad. A experiência foi completamente nova, e devo dizer que alucinante. Nunca tinha experimentado nada igual e mesmo duro, foi algo que gostei particularmente. Não me preocupei com a navegação, pois apanhei boleia, primeiro das motas e depois dos carros. Limitei-me a adaptar-me ao terreno, pois penso que caso contrário teria tido algumas dificuldades. Ainda assim, caí duas vezes. Daí estar um pouco dorido fisicamente”.
FONTE: infodesporto
03 janeiro 2006
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