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Pelas 19 horas, com a noite a cair, apenas 23 carros e 5 camiões tinham terminado a especial. Dos portugueses a lista de chegadas apenas registava o nome de Carlos Sousa.
Pela noite dentro foram chegando Bernardo Vilar, Miguel Barbosa, um surpreendente Lino Carapeta, Luís Costa, Pedro Gameiro, Nuno Inocêncio, Ricardo Leal do Santos e Elisabete Jacinto. Os restantes só mais pela madrugada terminaram a etapa, em alguns casos rebocados. Se partirão esta manhã só mais tarde se saberá. As histórias, essas, eram muitas.
Dos primeiros a chegar registámos as suas declarações:
10º Carlos Sousa
"Estou satisfeito pelo excelente trabalho do Jean-Marie Lurquin, que nos permitiu um andamento sempre constante nas dunas. Foi um dia muito complicado para os navegadores, que estavam muito limitados no GPS e tiveram de navegar à maneira antiga. Para nós esta etapa correu muito bem, passámos as dunas maiores todas sem problemas, até perto do fim da etapa. Quando estávamos a 50 quilómetros da chegada, reparei que o motor estava a aquecer um pouco e seria melhor parar uns minutos, aproveitando para rever a pressão dos pneus. Feita a operação, tinha uma pequena duna à minha frente, pelo que resolvi fazer marcha a trás. Para nosso azar ao descair, fiquei atolado. Ao sair do carro vi que o eixo traseiro estava pendurado num monte de erva chameaux. Foi um sarilho para sair dali, perdemos cerca de uma hora".
35º Miguel Barbosa
"Uma etapa que exigia bastante no que respeita à navegação, mas que o Miguel Ramalho sob fazer frente da melhor forma. Só nos perdemos no início, mas foi mal geral. De resto o Miguel esteve sempre muito bem. Era uma etapa que exigia demasiada concentração da parte do navegador e ele soube gerir o seu trabalho da melhor forma. Acho que a etapa até correu bem apesar de ter tido alguns pequenos problemas, nomeadamente com a embraiagem a patinar, que nos fez controlar um pouco o andamento pois estávamos cientes que tínhamos muita areia pela frente. Mais tarde, quando ainda faltavam 60 quilómetros para o final, e já de noite, ficámos sem um dos faróis da frente numa duna. Fizemos o resto da etapa às escuras, mas de resto tudo correu bem e conseguimos chegar ao final".
36º Bernardo Vilar
"A etapa de hoje foi extremamente complicada a todos os níveis. Foi de facto uma especial para “homens de barba rija”, valendo-nos nesta circunstância a experiência acumulada em participações anteriores e, neste particular, a ajuda do Lucas foi determinante. Infelizmente, atascámos duas vezes, onde perdemos em ambos os casos cerca de 40 minutos, o que de certa forma justifica a que tenhamos de efectuar a derradeira fase da prova já de noite. De qualquer das formas, estamos muito satisfeitos por termos chegado ao final e, obviamente, ansiosos para a etapa de amanhã e que tem a particularidade de ser a que determina a última antes do descanso".
59º Lino Carapeta
"Esta foi de facto uma etapa durinha, mas que mesmo assim ultrapassámos sem grande dificuldade. "Atascamos" umas quatro vezes mas o nosso Bowler é um carro bastante fácil de retirar mesmo das situações mais complicadas. Mantemos o nosso ritmo e está a dar frutos. Ser a quarta equipa nacional é muitíssimo bom até porque à nossa frente estão pilotos com um elevado currículo, seja no Dakar ou em competições de todo--o-terreno o que não é o nosso caso. Todavia estou certo que ao escolhermos o Bowler para esta nossa estreia optámos pelo melhor compromisso e basta ver que são muitos os carros iguais ao nosso que já terminaram hoje a etapa. Pela nossa parte delineámos uma estratégia que temos vindo a seguir à risca e o que posso dizer é que já foram disputadas sete etapas e não registamos o menor problema no carro".
69º Luís Costa
"Foram mais de 12 horas de condução em situações extremas. Cordões de dunas a perder de vista e uma navegação deveras difícil. Foi muito, muito duro. Demasiado duro! Partimos com vontade de ser regulares, sem extravagâncias. Um pequeno erro de navegação, logo ao Km 20, não chegou para nos afastar do percurso, mas o pior foi que, logo depois, o Land Cruiser ficou sem embraiagem. A partir daí, tivemos de fazer uma gestão diferente nas dunas, porque não podíamos parar. Fomos obrigados a escolher os sítios de passagem mais adequados. Deparámos com cordões de dunas desesperantes".
07 janeiro 2006
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