O empresário de eventos desportivos João Lagos viaja hoje para Dakar para "vincar a disponibilidade" de Lisboa para continuar a ser local de partida do maior rali todo-o-terreno do Mundo após 2008, com ligação a África desde Portimão.
"Vou ter alguns contactos, vai falar-se das próximas edições e vou deixar bem vincada a nossa disponibilidade para continuar esta parceria. Estamos abertos, sobretudo depois da vontade demonstrada pelo Governo, mas é uma decisão da organização francesa", disse Lagos em entrevista à Agência Lusa.
A partida do Lisboa-Dakar2007, que contou com um milhão de espectadores ao vivo em Portugal, "segundo os conservadores números da polícia", tem um orçamento de cerca de cinco milhões de euros, sendo três milhões de comparticipação governamental e o restante complementado com o apoio de patrocinadores e outras entidades.
"Este ano, a festa popular foi ainda mais significativa. Para o ano, esta data mantém-se (primeira semana de Janeiro). Foi muitíssimo bem aceite pelas entidades ligadas ao Turismo. No Algarve foi flagrante - encheu no fim-de-ano e voltou a encher uma segunda vez logo a seguir, por força do Dakar, acrescentando ao evento um impacto económico ainda mais espectacular", afirmou Lagos.
O organizador do Estoril Open e da Masters Cup Lisboa2000, entre outros eventos, adiantou ainda que as obras no porto marítimo de Portimão "terão que ser feitas independentemente do Dakar" e que, se a organização da prova quiser, a travessia marítima para África pode ser efectuada pelo Barlavento algarvio.
"Os franceses têm algum receio de haver um contratempo que atrapalhe o arranque em África porque esta travessia implica mais umas quantas horas e o mar nem sempre é aquilo que se pode prever com alguma antecedência. Há um risco, mas se eles o quiserem correr...", referiu.
A partida do Dakar em Lisboa foi contratada para três edições, entre 2006 e 2008, e a organização francesa - a cargo da Amaury Sport Organisation (ASO) - já anunciou que há outras cidades candidatas para 2009.
"Nestes dois anos, galvanizámos a partida e elevámos o padrão de qualidade. Não vai ser fácil para futuras organizações e para os franceses a eventual saída de Portugal. Poderá haver uma interrupção de um ou dois anos, mas o Dacar voltará a Lisboa, isto sem pôr de parte uma continuidade imediata", continuou Lagos.
O empresário explica a relutância dos organizadores em fixarem-se por muitos anos num mesmo local com a importância da marca "Dakar", para não perpetuar com Lisboa, por exemplo, o que se passou com Paris, ainda hoje referida devido ao longo tempo em que serviu de local partida para a prova.
"No fundo, vai ser a conclusão deste acordo de três anos, mas simultaneamente vamos ter os festejos dos 30 anos do Dakar. Naquela que poderá ser a despedida destes primeiros três anos de Dacar em Lisboa, queremos acrescentar algo mais especial do que aquilo que fizemos nestes dois primeiros anos. Vamos deixar a fasquia de tal maneira alta...", prometeu.
Sobre o apoio à 11ª participação de Carlos Sousa, através da LagosTeam, o promotor de eventos classificou a iniciativa como "um risco, mas merecido", para dar ao mais experiente piloto português a oportunidade de ter uma "estrutura técnica e logística à altura dos seus pergaminhos, rigorosamente idênticas às dos pilotos de fábrica".
"Correu muitíssimo bem até os azares acontecerem. São contingências do desporto motorizado no deserto, que é o que faz do Dakar uma prova à parte e o melhor rali do Mundo", afirmou Lagos, referindo-se à manutenção de Sousa no pódio dos carros até à sexta etapa da edição em curso, num projecto que "é para continuar para o ano que vem".
De resto, Lagos considerou "excepcional" a participação portuguesa, que atingiu o triplo do recorde anterior (nove pilotos) quando Lisboa recebeu a primeira partida, em 2006, "com prestações magníficas de Hélder Rodrigues (ainda no top-10) e Ruben Faria" (desistiu), nas motos.
Fonte: infordesporto.pt
19 janeiro 2007
João Lagos em Dakar para garantir nova partida de Lisboa em 2009
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